Junto do doente, o psicólogo, poderá agir no controlo de sintomas através de técnicas de relaxamento, imaginação, distracção e imitação de comportamentos que contribuam para o seu bem-estar ou mesmo hipnose, mas é também o profissional privilegiado para explorar as dúvidas, crenças, mitos, medos e necessidades especificas, e acompanhar o seu conhecimento, sentimentos e pensamentos em relação ao processo de doença e aos cuidados que lhes estão a ser prestados.
Tendo como principal agente terapêutico as suas competências de comunicação, o psicólogo poderá criar uma relação de confiança com o doente e clarificar (ou facilitar a clarificação junto dos outros) no sentido de diminuir a sua ansiedade, stress, depressão, (e consequente dor e sofrimento). A sua adesão aos cuidados será maior e o seu estado de saúde (ainda que não seja possível um processo curativo) poderá estabilizar, trazendo maior bem-estar e satisfação ao doente e família.
Para uma empatia e relação genuínas, é essencial que compreenda, muito para além do processo de doença, a pessoa na sua totalidade, as suas características de personalidade e experiência de vida. Este aspecto torna-se essencial quando se trata de momentos em que se faz transmissão de más noticias, quando há agressividade ou negação da doença (ou da sua gravidade), quando a família não quer que o doente tenha conhecimento do seu estado de doença ou em que o doente queira esconder o diagnóstico da família.
Junto da família, o psicólogo, poderá da mesma forma, facilitar o fornecimento de informação, facilitar a compreensão, decisões e aceitação do processo de doença, promovendo a comunicação quer com os profissionais (reduzindo as dúvidas existentes e consequentemente, os frequentes conflitos no que diz respeito á administração medicamentosa, alimentação, mobilização, sedação, etc.), quer com o familiar doente, quebrando a “conspiração do silêncio” (esconder diagnóstico de parte a parte).
Assim também se caminha no sentido de quebrar o isolamento, facilitando a expressão de emoções e o suporte emocional de ambas as partes, reduzindo conflitos e facilitando a resolução de questões pendentes que são relevantes de resolver para o doente que vive a última etapa da sua vida.
O apoio psicológico aparece também como essencial na prevenção de síndrome de exaustão do cuidador, um familiar ou amigo (principalmente quando o doente está em casa e não existem cuidados domiciliários por parte de equipas de profissionais), assim como na transmissão de más noticias, momento de despedida, preparação para a morte e luto.
Junto da equipa multidisciplinar, o psicólogo é responsável por detectar sinais de alarme e prevenir o burnout (estado de exaustão que aparece maioritariamente associado ao stress profissional e fadiga física e emocional), largamente conhecido nesta área da saúde.
Deve facilitar a expressão de emoções e a partilha das experiências decorrentes da prestação de cuidados, da vivência de processos de morte e luto quase diários.
É também função do psicólogo, no seio da equipa, partilhar conhecimentos e fomentar aprendizagens, em formações mais ou menos formais, relacionadas com a optimização da comunicação e relação com doentes, famílias e outros profissionais, para maior eficácia dos cuidados e maior beneficio de todos aqueles que se envolvem nos Cuidados Paliativos.
Drª Lídia Rego
Psicóloga Clínica da Saúde