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O Papel da Família no Apoio ao Idoso

O Papel da Família no Apoio ao Idoso

Segundo o conceito clássico de família, elaborado por George Murdock em 1949, a família consiste no “(…) grupo social caracterizado por residência em comum, cooperação económica e reprodução. Inclui adultos de ambos os sexos, dois dos quais, pelo menos, mantêm uma relação sexual socialmente aprovada, e uma ou mais crianças dos adultos (…)”.


Hoje em dia, após as transformações sociais e culturais que têm vindo a ser observadas ao longo do tempo, sabemos que este conceito de família se mantém válido, mas foi profundamente transformado. Assim, a família inclui não só o nosso agregado familiar, como os familiares mais alargados com quem estabelecemos laços afectivos fortes e também pessoas que, mesmo com quem não temos laços de sangue, desempenham uma função vital no apoio e cuidados dos nossos entes queridos.


A imagem do idoso na sociedade tem também vindo a sofrer profundas alterações. Se antes o idoso era visto com respeito e o seu papel na sociedade era determinante, no aconselhamento e decisão sobre matérias importantes, hoje em dia, numa sociedade onde a produtividade e a actividade profissional são mais valorizadas e o envelhecimento é visto exclusivamente como um conjunto de perdas de capacidades, o idoso é tido como um fardo.


A transição do estado adulto para a velhice é um processo que provoca grandes alterações na auto-estima e auto-imagem destas pessoas, que deixam não só de ser valorizadas pela sociedade, como passam também a necessitar de outro tipo de apoios. Citando a autora Josias Gyll, “a maioria dos idosos não vive, existe. E, existir sem ser visto é uma espécie de morte”.


Tendo em conta estes aspectos, a família representa um meio protegido, onde o idoso pode manter um papel activo e importante, se os restantes membros da família estiverem despertos para estas situações.


A pessoa idosa, no seio da família, mantém-se como um importante recurso. Quando considerado, o idoso é, não só uma referência a nível de conhecimentos e aconselhamento, uma pessoa que já viveu mais e tem uma experiência de vida que deve ser valorizada, como também uma mais-valia na participação nos cuidados e contacto com as gerações mais novas. Ser um avô participante, no seio da família, representa uma fonte de gratificação para o idoso e um importante laço estruturante na educação dos mais novos.


Neste contexto, o papel da família no apoio ao idoso passa por valorizar a pessoa em questão: os seus conhecimentos, opiniões e aconselhamentos. Para além disso, passa por garantir que, em caso de necessidade, o idoso tem acesso aos apoios e cuidados necessários à sua saúde.


Um dos principais problemas no idoso consiste no isolamento social e em sentimentos de solidão. Também em relação a estes aspectos a família pode agir activamente, integrando o idoso nas suas actividades do dia-a-dia.

O estilo de vida actual dificulta a presença da família no cuidado ao idoso – no entanto, existem muitas possibilidades de conciliar estes papéis através das diferentes estratégias disponíveis nos serviços de saúde e quando os elementos da família são capazes de distribuir responsabilidades e de se ir revezando entre si.

Em caso de doença, estas necessidades encontram-se acentuadas e a presença da família é determinante para o acompanhamento e qualidade de vida do idoso.


Apesar de estas questões serem alvo da preocupação dos profissionais de saúde e de ciências sociais, existe, ainda hoje, na nossa sociedade, uma grande falta de infra-estruturais, recursos humanos e respostas sociais, capazes de satisfazer a real dimensão das necessidades da nossa população idosa.

Assim a família, enquanto cuidadora informal, poderá representar a resposta mais adequada para o cuidado ao idoso, se tiver disponíveis os recursos e apoios indicados.

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